Gosto de pensar que o jornal é acima de tudo um espaço para que os alunos compartilhem suas opiniões, descobertas e anceios em relação ao nosso universo paralelo chamado Arquitetura e Universidade Estadual de Goiás.
Por esse motivo a primeira maneira de expor meu recente desânimo foi: atualizar o blog! Hoje vou dividir com as centenas de alunos (quem dera) que ainda passam por aqui um diálogo extremamente familiar.
Hoje fiz uma coisa que não gosto pra passar o tempo, durmi atarde inteira! E quando já não aguentava mais o tédio improdutivo fui despertada pela minha irmã. Para esclarecer, minha irmã é formada em letras pela UFG, é professora concursada da prefeitura de Goiânia e estudante de jornalismo. É esse o motivo pelo qual sempre fui aquela aluna que enxergava o ponto de vista dos professores (concordando ou não com eles), faço parte de uma família onde muitos são educadores e sofrem com os problemas da educação do nosso estado.
Bom, hoje minha irmã surpresa veio me contar que o namorado de uma colega sua da prefeitura, formado em FÍSICA, foi convidado pela UEG para lecionar em nossa respeitável universidade. BREAKNEWS: O salário que eles disponibilizam aos professores com pós-graduação é de 400 e pouquinhos/pouquíssimos reais. QUATROCENTOS! O melhor, foi ver a indignação da minha irmã dizendo: 'Carinna, que vergonha! Isso é uma vergonha pra Universidade, que absurdo, 400 reais à um professor universitário?'
Minha irmã como disse, professora do ciclo 1¹ na prefeitura recebe seus quase 1000 reais, sendo que professores com pós recebem um aumento significativo no salário e os que possuem mestrado um aumento bem mais significativo. Outro ponto interessante: EU MESMA, a que vos escreve receberei meus 460 reais pelo atual ESTÁGIO remunerado na UFG.
Sim eu, Carinna Soares de Sousa, estudante do 5º período da Universidade Estadual de Goiás e aprendiz de alguns dos melhores professores do Estado, recebo praticamente a mesma quantidade do que muitos deles.
O que me entristece é ouvir que a luta dos professores e alunos não deve ser a mesma. A questão não é a luta, até porque não existe luta quando não se têm soldados, não é mesmo? A questão é a vergonha que passamos diante de todos. Uma universidade que oferece 400 reais à um respeitado trabalhador? Um professor universitário, o qual cresci ouvindo que recebe muito bem porque afinal, o conhecimento é valioso! Fui criada acreditando nessas coisas, e hoje me dói o coração de saber que faço parte de uma burrice, estupidez, seja lá como quiser chamar. Faço parte de um polo acadêmico que ficou pra trás no tempo, na época que educação era uma obrigação e não um bem. Se for pra ser apenas propaganda política, que então seje uma propaganda que preste. Afinal começo a pensar que não imprtam os motivos dos nossos governantes, o que importa é que em nome de seus jogos inúteis possam ser inteligentes de ganhar eleitores construindo uma coisa que preste, não?
Devia me acostumar com isso, a ser arrasada pelas ideologias e crenças que me eram postas quando pequena. Devia?
Carinna Soares de Sousa
9 comentários:
Venho vos lembrar, que professores não concursados recebem menos que os efetivos, e que o numero de horas/aula lecionados também influência no total final do salário. Com tudo, não é de hoje que estamos carecas de saber que professor ganha mal, ainda mais em um país onde POLICIAIS, profissionais que "arriscam SUAS VIDAS" pela "proteção" e "garantia da ordem" na sociedade ganham pouco mais dos seus 1000 reais por mês. Mas voltando ao assunto dos nossos professores, que continuam lutando(NOT!) pelo seu direito ao transporte, gostaria de saber, o porquê de apenas 6, dos nossos 37 professores compareceram à assembleia, onde seria discutida a GREVE, na ultima terça-feira? Fica a dúvida sobre o que irá (OU NÃO) acontecer com a nossa universidade, que praticamente aos pedaços, se apoia na hipocrisia de algumas pessoas que dizem lutar por um futuro onde os alunos da referida faculdade poderão se formar sem dificuldades? E ter uma cantina decente, professores bem pagos, salas de aulas bem adaptadas, materiais, livros, onibus pago... (Opa, acho que os filmes lúdicos que eu ando assistindo estão me descontrolando, hehe).
ENTÃO! A questão agora, mudou de foco, e ao mudar de foco meu desânimo só aumenta.. Crei que alguns professores não compareceram pelo mesmo motivo que eu não compareci (trabalho/transporte etc.). MAS é triste saber que outros não comparecem pelo mesmo motivo que muitos alunos não comparecem: THEY DON'T CARE.
A minha questão é não centralizar essa indignação aos professores, mas A TODO O CORPO QUE COMPÕES A UEG, docente e 'dicente'. Todos esses que não contribuem em nada com os protestos porque seu desânimo já é tanto que eles simplesmente não dão a mínima!
Quero confessar, que meu medo é que um dia eu fique assim também, no dia em que não houver mais ninguém dando a mínima. ;/
Se o salário de professor no país já é uma vergonha, na UEG então isso é um capítulo a parte. Não sei se alguém chegou a dar uma olhada no edital para contratação de novos professores, mas lá os salários eram vergonhosos. Uma vez estava comentado a tal situação com alguns amigos da UFG, que por sinal aspiram trabalhar como professores...TODOS FICARAM SURPRESOS COM OS SALÁRIOS DA UEG. Na UFG o regime é completamente diferente; salários de doutores, por exemplo, beiram os 8.000 reais. Tá certo que cada caso é um caso. Mas pra mim, o que fica claro é como a nossa Instituição é marionete, é artimanha pra politicagem. Não sou engajado (admito mesmo), não sou de questionar muito e por ai vai. Só que tem coisas que está debaixo do nariz de todo mundo e não tem como evitar. No mínimo, é preciso entender o que está acontecendo e ter a dimensão do problema. Questionar não mata e faz bem :)
E como já dizia nosso bom e velho (e morto) Nostradamus: "Esse dia não está longe"
Aliás, ja ta mais do que na cara que ele ja chegou, o dia em que todos os membros discentes e docentes da UEG se cansariam de tanta "luta" em vão. Lutas essas que quase(?)sempre não passam de discursos ilusórios de tomadas de atitudes e soluções.
A verdade é que mesmo que TODOS os professores tivessem ficado em suas casas pelo falo de nao terem o transporte, terem trabalho, (filhos, gato, cachorro, galinha) para se preocupar, para que motivos então votarem em uma GREVE onde eles mesmos não poderiam estar presentes? que saíssem logo de cara e poupassem nosso tempo, e poupassem-nos da esperança de que dessa vez algo pudesse realmente acontecer.
Amanha uma nova reuinão acontecerá, apenas entre professores e o coordenador para decidir novamente o futuro da greve, do nosso curso e não obstante, da universidade. Vamos ver quantos desses nossos bravos lutadores estarão presentes na sua batalha.
Respeito: algo que a UEG não tem, seja com seus professores, funcionários ou alunos. Dia após dia, nesses meus quase 5 anos de vida acadêmica na UEG, penso que não há como eu me surpreender mais com o que acontece por lá. Sinto-me agora sem força de ação, ou liberdade de ação, porém, mesmo com um pé fora da faculdade, tenho/tive sempre a consciencia do que quero para a UEG, e lutei por isso enquanto pude; e é isso que deve perdurar entre todos, as ideologias e crenças que são postas em nós,formando a nossa consciencia politica e moral (os professores acreditam na UEG, devem acreditar, pra se submeter a essas condições, portanto, a luta continua).
Concordo com o Senhor Ruber, não é fácil entender que a luta deve ser por uma UEG melhor, e sinceramente se fico revoltada com o salário que os nossos professores ganham (mixaria), fico mais revoltada ainda com o orgulho de certos alunos que não apoiam a luta dos dicentes por puro orgulho! Aaa porque semestre passado...bla bla bla...só vou apoiar os professores se eles pedirem perdão de joelhos...MANITOBA! Isso pra mim é infantilidade, a luta é por uma UEG melhor, e se agora a bomba principal é a falta de onibus pra professor vamos colocar a camisa da UEG e lutar juntos!!!
Sem querer ser repetitivo, também acho muito triste essa situação, uma das profissões mais importantes e respeitáveis ao redor do mundo, é tratada com descaso no Brasil, especificamente na nossa unidade que fica num deserto ao lado de uma rodovia e... de uma indústria de pinga (pelo menos algo bom neeh), brincadeiras a parte, sei da realidade de um professor, minha mãe, assim cmo a irmã da Carinna, tb eh formada em Letras pela UFG e tem dois concursos da prefeitura, e sinceramente eu não a encorajo a 'tentar' uma vaga como docente na nossa querida faculdade, pois não quero vê-la sofrer pra ter q pagar com quase todo seu salário apenas o combustível. Eu já me sinto bastante desanimado com as situações que vivemos semestre após semestre, apesar de não ser tão engajado nas 'lutas', mas confesso que não estou otimista quanto a nossa faculdade, se não houver uma "revolução" nesse ano eleitoral (ô esperança), temo que principalmente nosso curso de arquitetura, que não tem nem um laboratório de acústica e que por isso não é reconhecido pelo MEC (me corrijam se estiver errado), venha a acabar. É uma situação muito complicada, e pode até ser vergonhoso da minha parte, mas sinceramente estou pensando em modos de me virar e ir para a PUC caso 'o pior aconteça'. Mas, como minha família sempre me ensinou, temos que ter fé e correr atrás das coisas (não é queridos professores?, se querem nossa ajuda nesse momento, não é hora de demonstrar descaso e ficar com a bunda na cadeira, assim como eu estou agora kk). Eu sou adepto de que a educação é um dos maiores bens que temos, e nós estudantes universitários de uma faculdade pública merecemos uma boa faculdade, porque garanto que inteligência é o que não nos falta.
Só tenho uma coisa a dizer: somos brilhantes! realmente!!! Professores sentem orgulho de nos ensinar e ajudar, e se formos espertos vamos usar dessa nossa inteligência e competência para CORRER ATRÁS, divulgando nossa situação, mandando cartas para jornais (ando pensando no que escrever, porque realmente seria uma boa, não seria??) enfim.. basta um telefonema, uma carta, um e-mail.. não nos custa nada custa?? sermos destemidos e sair ligando pra gabinetes, gritando por aí.. custa?? não, não custa?? ao que saiba os que trabalham não trabalham período integral, e pra não usarmos da desculpa: cansados demais pra andar gritando no sol quente.. coloco esse pensamento em voga: fazer a nossa parte as vezes é simplesmente abrir a boca pras pessoas ao nosso redor, utilizar de meios tão simples pra atingir nem que seja o dedinho do pé de alguns dos poderosos desleixados que nos governam..! E não pense que estou sendo hipócrita, eu aqui confesso que já venho tentando de tudo um pouco... e pretendo tentar muito mais, com a ajuda de vces..
PELO MENOS, no final das contas aqui na UEG no mínimo saimos aprendendo a pisar o pé e a correr atrás dos nossos interesses, não importando o resultado!!!
PRÁTICA queriiiiido? topo!
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